Thomas Püttker |
Após finalizar meu mestrado em Kiel (Alemanha), comecei meu doutorado na Universidade de Hamburgo (Alemanha), onde em cooperação com pesquisadores da USP, desenvolvi um projeto sobre os efeitos da fragmentação de habitat em diferentes aspectos da ecologia de pequenos mamíferos na Mata Atlântica. Trabalho no Brasil desde 2003, ficando no pais por períodos se prolongam vários meses por ano. O produtivo trabalho com os colegas da USP, a alta qualidade da pesquisa junto com os interessantes desafios científicos encontrados me levaram a tomar a decisão de ficar. Moro aqui desde 2008, ano em que comecei um pós-doutorado na USP.Atualmente estou fazendo um Pós-doutoradao no Laboratório de Diversidade e Conservação de Mamíferos. O projeto visa o estudo da demografia e distribuição de pequenos mamíferos da Mata Atlântica. Especificamente, pretende-se entender como as características na escala da paisagem, como por exemplo a quantidade de floresta, influenciam os processos da demografia em fragmentos florestais, a migração de indivíduos entre fragmentos e a distribuição de espécies. Posteriormente, o foco da pesquisa foi colocado em entender os processos que estão por trás da extinção de espécies depois da perda de habitat ter ocorrido, buscando revelar a importância relativa dos processos determinísticos e aleatórios que influenciam a distribuição de espécies em paisagens fragmentadas.
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Pós-doutorado
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Revelando os processos demográficos responsáveis pelos padrões de distribuição e abundância de pequenos mamíferos em paisagens fragmentadas com diferentes proporções de perda de habitatA fragmentação de habitats é uma das maiores ameaças à biodiversidade global. No entanto, a maioria dos estudos sobre os efeitos deste processo foram realizados na escala das manchas de habitat remanescente. A quantidade de habitat na escala da paisagem, que apresenta uma relação não-linear com características das manchas, como a distância média entre manchas, é raramente considerada nestes estudos. Através do aumento das distâncias entre manchas e da resultante diminuição das taxas de migração, a diminuição da quantidade de habitat na escala da paisagem deve ter efeitos drásticos e não-lineares sobre a demografia e a persistência de populações. Estes efeitos deveriam ser sentidos primeiramente pelas populações pequenas de fragmentos pequenos, que são mais susceptíveis aos efeitos estocásticos e, portanto, à diminuição do efeito resgate dada a diminuição da migração. De fato, trabalhos anteriores de nosso laboratório mostraram que a quantidade de cobertura florestal na escala da paisagem tem influência fundamental sobre a distribuição e abundância de espécies de pequenos mamíferos em fragmentos de Mata Atlântica, de tal maneira que o efeito negativo da redução do tamanho dos fragmentos só é observado abaixo de um limiar na quantidade de floresta na escala da paisagem.
Nesse projeto, pretendemos investigar os processos demográficos subjacentes aos padrões de abundância de pequenos mamíferos observados nessas paisagens fragmentadas de Mata Atlântica do Planalto Paulista. Através de sessões de captura-recaptura em 9 áreas distribuídas em três paisagens (30, 50 e >80% de cobertura florestal), pretendemos estimar as taxas de sobrevivência, de crescimento populacional e de imigração das populações de pequenos mamíferos florestais e testar duas hipóteses: (1) o número de indivíduos imigrantes, e em conseqüência (2) a taxa de sobrevivência e o crescimento populacional, são menores em pequenos fragmentos de paisagens com reduzida cobertura florestal (30%) em comparação aos de paisagens mais florestadas (30 e 80%). |