Raquel Monteiro Silva |
Durante a minha graduação no IB USP entrei em contato com diferentes disciplinas que despertaram meu interesse em biologia da conservação e em políticas públicas ambientais. Fiz minha Iniciação Científica sobre impactos cumulativos de empreendimentos do setor sucroenergético paulista e desde então meu interesse em pesquisar sobre a Avaliação de Impacto Ambiental cresceu. Buscando compreender melhor a tomada de decisão ambiental e como a ciência pode auxiliar nesse processo, entrei no mestrado em Ecologia. Meu projeto de mestrado busca revisar e organizar as diferentes concepções de AIA presentes na literatura, discutindo (1) qual a finalidade da AIA e (2) qual o papel da ciência e da participação pública na AIA.
|
Projeto de
|
Revelando as dimensões que definem diferentes concepções de Avaliação de Impacto AmbientalAlém dos diferentes processos e eventos históricos que levaram à diversificação das linhagens de mamíferos, a distribuição atual da mastofauna da Mata Atlântica também sofre interferência das atividades humanas. Estas atividades estão levando à perda e mudanças na configuração espacial dos remanescentes florestais e à criação de ambientes alterados no entorno destes. Através do aumento da importância de eventos estocásticos sobre populações pequenas, a perda de habitat leva a um aumento da chance de extinção local, diminuindo a riqueza e a abundância das espécies. Concomitantemente à perda dos remanescentes, no entorno destes são criados habitats antropogênicos denominados coletivamente de matriz. A matriz que envolve os remanescentes é, portanto, heterogênea e variável quanto à sua permeabilidade ou qualidade para a dispersão, sobrevivência e ocupação pelas espécies do habitat original. Desta forma, as características dos ambientes antropogênicos da matriz afetam o grau de coesão (ou conectividade) entre as populações dos remanescentes e, portanto, a chance de persistência das espécies nativas em paisagens fragmentadas. Por outro lado, a expansão de áreas alteradas no entorno dos remanescentes teoricamente permite a chegada e a proliferação de espécies generalistas e invasoras. Apesar de essencial para o manejo adequado de paisagens fragmentadas e para o entendimento dos processos desencadeados pela ação antrópica, há uma lacuna de conhecimento sobre como a quantidade e configuração espacial dos ambientes alterados da matriz interferem na persistência de espécies características do habitat original e na invasão e expansão de espécies originárias de outros biomas e de outros países em paisagens tropicais. Trabalhos anteriores na região neotropical indicam que há uma forte segregação da comunidade de pequenos mamíferos em paisagens fragmentadas, com as espécies endêmicas restritas à vegetação nativa e as espécies não-endêmicas ou introduzidas aos ambientes antropogênicos. Já em ambientes alterados inseridos em regiões com altas proporções de habitat remanescente, não são encontradas espécies invasoras deste grupo de animais. É de se esperar, portanto, que a ocorrência e o grau de dominância de espécies invasoras em relação a espécies características do habitat original dependa da quantidade e da configuração espacial, incluindo a conectividade, da matriz de ambientes antropogênicos em paisagens fragmentadas. Através do estudo de 42 sítios de amostragem em ambientes antropogênicos abertos em duas paisagens fragmentadas de Mata Atlântica com diferentes proporções de perda da cobertura florestal original, este projeto tem como objetivos: (1) avaliar o uso destes ambientes por espécies de pequenos mamíferos endêmicas da Mata Atlântica, espécies não restritas a este bioma e espécies introduzidas; (2) investigar a influência da quantidade e conectividade destes ambientes para a ocorrência e a abundância destes diferentes grupos de espécies e (3) testar se a relação entre a ocorrência/abundância dos diferentes grupos de espécies com a quantidade/conectividade dos ambientes antropogênicos varia em paisagens com diferentes proporções de perda da cobertura florestal original.
|