Lucas Teixeira |
Ter sido criado em uma pequena cidade predominantemente rural no interior de Minas ao lado de meu avô despertou em mim o interesse pela natureza e a vontade de trabalhar para sua conservação. Então, em 2009, consegui uma bolsa de estudos através do Programa Universidade para Todos para cursar o bacharelado e a licenciatura em Ciências Biológicas na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, que concluí em 2014. Durante este período, conheci um pouco mais sobre as diferentes áreas de atuação de um biólogo, mas o apreço pelas questões ambientais continuaram mais fortes. Então, entre 2012 e 2014, através do programa Ciência sem Fronteiras, fiz um intercâmbio acadêmico no Instituto de Sustentabilidade da Universidade de Lüneburg, Alemanha, tendo trabalhado em um projeto socioambiental que visava a fomentar o desenvolvimento sustentável em paisagens rurais, usando como área de estudo a Transilvânia, na Romênia. De volta ao Brasil, procurei um lugar em que pudesse continuar nessa linha de pesquisa e encontrei aqui no laboratório a oportunidade de desenvolver meus estudos no que conhecemos hoje como coexistência entre seres humanos e animais silvestres. Finalizei o mestrado em julho de 2018 e atualmente, além de continuar como colaborador de algumas atividades do laboratório, trabalho como analista de estratégia e sustentabilidade em uma empresa de consultoria.
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Projeto de
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Tolerância à fauna silvestre na Mata Atlântica: um teste empírico em diferentes contextos ecológicos e espécies de mamíferosConflitos entre seres humanos e fauna silvestre emergem como desafios complexos, ameaçando o sustento de populações humanas e a conservação de populações de animais silvestres. Contudo, pesquisas sobre conflitos tradicionalmente abordam esses componentes separadamente e focam em espécies individuais ou similares, dificultando o entendimento mais amplo das conexões entre determinantes ecológicos e dimensões humanas dos conflitos. Neste estudo, desenvolvemos e testamos um modelo conceitual integrando componentes ecológicos e humanos dos conflitos, focando em três espécies – gambá, cachorro-do-mato e onça-parda. Investigamos os caminhos através dos quais o contexto ecológico (cobertura florestal) afeta experiências (contato e dano), e como tais experiências influenciam a tolerância à fauna por meio de crenças, emoções e atitude. Entrevistamos 114 proprietários rurais em 13 paisagens com diferentes proporções de cobertura florestal em uma região da Mata Atlântica e testamos nosso modelo usando equações estruturais do tipo Piecewise. Encontramos que: i. a cobertura florestal afetou negativamente a tolerância, mas apenas para a maior espécie; ii. a importância e os efeitos de diferentes experiências com a fauna sobre crenças e emoções variaram entre as espécies; iii. crenças e emoções influenciaram a tolerância, mas emoções negativas foram relevantes apenas para a maior espécie. Conflitos com espécies maiores podem então ser entendidos como desserviços providos por florestas, indicando a relevância de inserir os conflitos humano-fauna em perspectiva mais ampla, que considere as relações com serviços ecossistêmicos. Para algumas espécies, experiências positivas podem compensar os efeitos negativos dos danos a criações na formação do comportamento humano. Modelos como o nosso – que estruturem as relações entre os componentes ecológicos e humanos – podem ajudar a identificar pontos de alavancagem mais profundos e efetivos para melhorar intervenções visando a mitigação dos conflitos com a fauna.
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